A Embrapa Milho e Sorgo (Sete Lagoas-MG) avaliou 246 acessos de milho de todo o Brasil para identificar o perfil de carotenóides precursores da vitamina A, chamados carotenóides pró-vitamina A. Seis linhagens da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) foram selecionadas e uma variedade com maiores teores de pró-vitamina A está em desenvolvimento O resultado é uma seleção de grãos com até quatro vezes mais carotenóides precursores da vitamina A que os encontrados em variedades comuns. Essa pesquisa foi um dos destaques na III Reunião Anual da Biofortificação no Brasil, que aconteceu de 31 de maio a 5 de junho, em Aracaju-SE.
Segundo o pesquisador Paulo Evaristo de Oliveira Guimarães, em uma das linhagens avaliadas, o valor médio de pró-vitamina A foi de 7,6 microgramas/grama, enquanto as 20% melhores espigas apresentaram valores médios de 9,2 microgramas/grama. "Estes valores são, respectivamente, cerca de 3,5 e 4,2 vezes maiores que os encontrados em milho de grãos amarelos", relata o pesquisador. A partir de reações químicas no organismo, a pró-vitamina A transforma-se em vitamina A, que tem papel importante para a saúde dos olhos.
Ainda segundo ele, nas próximas duas safras a linhagem selecionada será avaliada quanto ao desempenho agronômico na região Nordeste e em outras regiões do país. "Caso os testes indiquem boa performance agronômica e melhor qualidade nutricional, poderemos ter uma cultivar com maiores teores de carotenóides pró-vitamina A a partir de 2010", afirma. Mesmo com maiores teores de carotenóides pró-vitamina A, o milho, para ser considerado pelos pesquisadores como biofortificado, precisa apresentar teores de, no mínimo, 15 microgramas/grama.
Enquanto isso, os produtores rurais podem ter acesso ao BRS Assum Preto, uma variedade de alta qualidade protéica e com maiores teores de aminoácidos essenciais, como o triptofano e a lisina. A variedade é indicada para as condições semi-áridas do Nordeste brasileiro por apresentar ciclo superprecoce - da emergência das sementes à colheita são necessários 100 dias, em média.
Uma das principais contribuições que a pesquisa agropecuária deve oferecer para o combate à desnutrição é o desenvolvimento de alimentos mais nutritivos. Além de características desejáveis como a facilidade de serem produzidos, processados e consumidos, tais alimentos devem ser também acessíveis à dieta básica das populações, em especial, das regiões mais pobres do mundo, como África, Ásia, América Latina e Caribe, principais focos dos programas HarvestPlus e AgroSalud, que no Brasil configuram uma rede de centros de pesquisa coordenados pela Embrapa Agroindústria de Alimentos (Rio de Janeiro-RJ).
A biofortificação de produtos agrícolas para melhoria da nutrição humana tem o objetivo de suprir a dificuldade de suplementação de vitaminas e minerais (pró-vitamina A, ferro e zinco) em regiões sem infra-estrutura adequada para a distribuição de alimentos processados. Por isso, a proposta supera as limitações a partir do uso de tecnologias que têm como base a semente de produtos agrícolas melhorados convencionalmente (cruzamento de plantas da mesma espécie).
Sementes com maiores teores de micronutrientes são o diferencial do programa. De acordo com o pesquisador Paulo Evaristo Guimarães, o milho, devido à sua amplitude e facilidade de produção e consumo, é um dos cereais que merece destaque nesta rede de pesquisa que também investiga arroz, feijão, feijão caupi, abóbora, batata doce, mandioca e trigo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Comente, dê sua opinião!